Porque parecer ser tão
difícil enxergar além da superfície? Qual o real sentido de passarmos por
dificuldades que tentam sufocar a nossa alma? O que podemos fazer e quem pode
nos ajudar quando aparentemente todos estão nos virando às costas?
Se a vida é feita de problemas, não posso dizer. Mas, assim como os estudiosos do método
cientifico, por exemplo, defendem a compreensão dos eventos por meio de
paradigmas que necessitam ser desvendados
a partir de uma questão; vivemos imersos em questionamentos que parecem
gerar cada vez mais problemas e trazem consigo o risco de se perdermos neles,
principalmente se queremos respostas concretas, imediatas, testáveis e baseadas
em nós mesmos ou naquilo que achamos estar vendo.
Estava procurando
esse tipo de resposta, entretanto, ironicamente só encontrei mais problemas
durante uma maratona de insistência pessoal para planejar o projeto de pesquisa
que irei desenvolver no mestrado. Fiquei frustrado por não ter soluções, apenas
dúvidas e possibilidades, mas o que me aconteceu foi resultado de algo que não
percebi no momento: meus óculos estavam tão manchados que sua sujeira atingiu
meus olhos por meio de um reflexo deturpado da realidade que não me permitia enxergar
bem. (mal conseguia limpá-lo)
Estamos acostumados a olhar os problemas de forma rasa e apenas pela superfície e esquecemos por trás deles existe propósito. Não que sejam para nos fazer sofrer, mas para lembrar de encontrarmos a solução.
Vai ser difícil mergulhar no profundo se não deixarmos o
superficial. Vai ser ainda mais difícil se não soubermos nadar e nem quisermos
aprender. E mais ainda se não reconhecermos que sem o mar e quem o fez não
podemos sequer boiar.
Da mesma forma, os problemas são delicados de encarar
pelo motivo de desejarmos ansiosamente seu livramento a medida com que queremos
resolve-los da nossa forma, do nosso jeito e ao nosso tempo quando na verdade
não temos controle sobre eles e nem tampouco sobre o que sucede.
Paulo sabia bem disso ao escrever Romanos em um contexto
de perseguição e morte dos cristãos e, mesmo ciente das consequências do pecado
para toda criação (Rm 8: 20) em paralelo com sofrimento iminente (Rm 8: 22),
traz a memória a esperança de como podemos olhar para o que importa:
“Considero
que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em
nós será revelada.”
Romanos 8:18
Ele
não disse que não iriamos sofrer. Nem também para ignorarmos necessariamente o
sofrimento como se não existisse. Ao contrário, nos faz considerar como uma
possibilidade circunstancial que não pode ser comparada com a glória que nos
será revelada em Cristo. Essa glória não se refere obrigatório e
necessariamente que após um episodio doloroso e difícil venha a “vitória”, mas
implica em sermos transformados segundo o caráter de Cristo independente das
adversidades.
O fato de passarmos por sofrimentos não anula a soberania de Deus, mas a confirma pelo fato de que mesmo em dificuldade podemos o reconhecer. Não que Ele tenha prazer em nos ver machucados e quebrados, mas em nos ver aprovados depois dos testes.
Não quero entrar no mérito de prova e castigo, mas creio
piamente que Deus continua usando seus instrumentos e ferramentas para nos
moldar. Certamente, como cegos e maus ouvintes, como diria C.S. Lewis, Ele usa
o sofrimento para ouvirmos a sua voz e também para vermos sua soberania a nos
cercar.
Provavelmente, esse seja um dos sentidos de passarmos
pelas dificuldades que tentam sufocar nossa alma, porém, o maior objetivo está
em:
“Sabemos
que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes
conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a
fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”
Romanos
8:28,29
Saber que o maior bem que o homem pode alcançar é tornar-se cada vez mais parecido com Cristo.
Em
outras palavras, a glória que nos será revelada, bem como o objetivo de
passarmos por situações difíceis é para que a imagem e semelhança de Cristo em
nos seja conformada e concretizada. Parece ser difícil compreender, mas somos
aperfeiçoados no sofrimento e somos preparados para sermos completos na
eternidade. Só podemos enxergar e confiar nessa verdade quando nossa fé estiver
em Deus não em nos mesmos ou nas coisas. Ele através do Espirito Santo sempre é
quem nos ajuda (Rm 8: 26), pois sabem nossos receios, medos e problemas (Rm
8:27).
A vida não é um problema. O problema está em achar que podemos solucionar o que não podemos. A vida tem seus problemas, mas Deus é sempre a única solução.
Não
quero parecer radical, mas oro para que você tenha sido edificado e busque a
Deus ao invés de olhar para os problemas ou focar meramente nas soluções para
suas dificuldades. Só assim você descobrirá que não precisa literalmente limpar
seu óculos, mas deixar que Ele transforme seu coração e mude sua visão conforme
a Verdade. Lembre-se, Ele é a Verdade!
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